quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Buraco Negro



Estou com uma sede imorredoura, uma fome insólita, uma vontade inquieta de me identificar através da palavra; de me dissolver em frases que me organizem no papel. Talvez assim eu me veja melhor, assim eu consiga respirar aliviado e até talvez ria ou me orgulhe de mim. Pouco me preocupa o resultado. Só preciso desse parto, engasgado na prisão da mesmice das horas. Dentro de mim tudo é mais denso, com corredores de caleidoscópios, mas eu não tenho conseguido me dizer; já desisti de me decifrar. Se ao menos eu conseguisse me abrir uma fresta onde alguém, de alma quente e irmã, pusesse o olho e me observasse e depois cochichasse em meus ouvidos quais os tons das emoções que dançam em mim...
Eu preciso, sim, do olhar do outro; não necessariamente de um olhar de aprovação, basta que seja de espanto.

Hérlon Fernandes Gomes

23 de Setembro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário