sábado, 3 de julho de 2010

Brainstorm II


A nebulosa... Adentro essa penumbra de sentimentos e imagens inesperados. (Pequena pausa) Saudades repetidas, desejos... A vida é mesmo essa repetição medíocre? Pecado achar a vida medíocre? Só estando meio amargo para enxergar tudo em preto e branco... Consigo identificar através do nevoeiro um velho tocando seu realejo... Tenho sonhado comigo quando criança; é uma situação estranha, como se outra vida me pertencesse nesse passado. Mais açúcar no café, senhor? Não, obrigado. Meu café precisa ser mesmo amargo. Há cajueiros floridos por aqui que me transportam para lugares ansiados. Às vezes esqueço das imensidões das distâncias, enquanto me obrigo a substituir o café pela camomila. Trouxe aquele LP de Ednardo que tem Manga Rosa e Lagoa de Aluá e também algumas fitas de Chico Buarque e Nara Leão. São portais para lugares já conhecidos tão meus. Não me atrevo a convidar ninguém a dividir esse som comigo, só tenho encontrado viventes de galáxias surdas... Há borboletas e plantas exóticas que me prometem sonhos felizes e me cochicham para que eu não enlouqueça, advertem-me de que a saudade boa jamais enlouqueceu alguém; no máximo, uma angina na alma.
Estou em desordem escrita. As palavras se me negam. As coisas necessárias e urgentes surgem quando não posso escrever. Acho que abri a caixa de Pandora e também não deixei que a Esperança escapasse. É lua cheia. É noite clara. Eu uivo na mesma sintonia dos cães.

Hérlon Fernandes Gomes
Guajará Mirim - RO, 03 de julho de 2010.

P.S.: Este não é para entender mesmo. É um simples exercício para me consolar desse infeliz período de vacas magras. Às vezes tenho a triste sensação de que não há mais nada que valha a pena ser escrito. Tomara que passe logo! O Arqueologia é meu terapeuta!